



O que fazemos
A ATEAC trabalha com Atividade Assistida por Animais (AAA), Terapia Assistida por Animais (TAA) e Educação Assistida por Animais (EAA).
A Atividade Assistida por Animais contribui para o desenvolvimento das relações, da afetividade e do controle do stress através de visitas e recreações, podendo ser repetida em diversos locais com diferentes pessoas.
A Terapia Assistida por Animais é um método interventivo e terapêutico que visa melhoria nos aspectos sociais, físicos, cognitivos, motivacionais e emocionais. Conta com uma equipe multidisciplinar que realiza a terapia com um objetivo específico para cada pessoa ou pequenos grupos com periodicidade pré-estabelecida utilizando o animal como mediador. O acompanhamento da terapia é feito através de avaliação com relatórios e entrevistas.
A Educação Assistida por Animais é o uso dos animais como recurso pedagógico na aprendizagem formal, incentivando na leitura e na escrita TAA e AAA destinam-se á:
- Idosos em lares;
- Pessoas fragilizadas fisicamente ou hospitalizadas;
- Pessoas portadoras de síndromes genéticas;
- Crianças com paralisia cerebral, autismo e hiperatividade;
- Crianças e adultos com problemas de aprendizagem;
- Crianças e adultos fragilizados psicologicamente;
- Crianças provenientes de famílias em risco e adultos com problemas sociais;
- Pessoas portadoras de HIV/AIDS;
- Crianças em abrigos;
- Usuários de álcool/drogas;
- Pessoas em sistema prisional
Benefícios
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Aspectos psicológicos e sociais
Os assistidos passam a se socializar com mais facilidade, lidando e afastando a solidão, a ansiedade, o estresse, a depressão, além de promover um aumento da autoestima e a autoconfiança favorecendo as atividades recreativas. Incentiva a memória, ajuda o atendido a lidar com animais em um ambiente de interação facilitando nos tratamentos e acelerando a recuperação dos internados.
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Aspectos físicos
Diminui a pressão arterial, melhora a coordenação motora, estimula o cognitivo, estabiliza a freqüência cardíaca, libera endorfina e oxitocina diminuindo Cortisol (hormônio do stress), gerando assim sensação de bem estar contribuindo para o sistema imunológico.
Depoimentos
Tem uma criança que me ensinou a subir o escorregador, lá em cima tem uma casinha que a gente fica conversando sobre o que vamos fazer hoje…
No sábado cedinho, me arrumo todinho! É que o dia é especial e tenho que ficar cheiroso e bonito para encontrar as crianças que já me esperam deitados no portão da UAI. Chegando vejo meus cãomigos: a Bia, a Dara, Meg, Cacau, Lion e Hanna.A festa começa antes da entrada e ali já penso no que vamos fazer juntos!
Os dois cães menorzinhos, a Bia e o Lion, ficam com as crianças menores. Nós, os maiorzinhos vamos para o parque. Tem uma criança que me ensinou a subir o escorregador, lá em cima tem uma casinha que a gente fica conversando sobre o que vamos fazer hoje. Ele gosta de basquete… e eu adoro a bola! Então, descemos o escorregador e vamos jogar, a Dara, minha amiga cão terapeuta se junta a nós. Já aprendemos a quicar a bola, nada de tentar pegar com os dentes… eu tento não pegar… vou com a patinha, mas as vezes não pra controlar!!!
De repente as crianças vão se juntando, cada qual fazendo o que gosta, algumas ficam com os meus amigos pintando, outros escovando, principalmente a Dara que adora! E tem também uma voluntária que faz o maior sucesso com sua risada de bruxa, as crianças sempre pedem, e eu mesmo, quando a vejo quero logo escutar, parece que a risada dela abre para nós um mundo colorido de fantasia e diversão.
Mas depois que corremos muito e vamos nos despedir, a certeza que fica é que somos amigos e, portanto, confiamos uns nos outros. Eu com a certeza de que eles gostaram da nossa presença e eles com a certeza que voltaremos.
Abração para todos, Baco.
Corsini – UAI
Relato de um cão terapeuta
Helena Gomes, psicóloga da Ong Ateac
O cão retira uma obrigatoriedade das atividades, ficando assim uma forma lúdica de aprendizagem…
A Terapia Assistida por cães são atividades desenvolvidas de acordo com o objetivo do sujeito ou grupo. Na Associação Pestalozzi de Campinas, trabalhamos com grupos. Os cães terapeutas são constantes: Beth, Lanna, Pitzé, Marguerita e Sancho. Comentaremos sobre um grupo de 12 adultos, com o qual trabalhamos o afeto, a memória, lateralidade, as relações interpressoais. O objetivo é voltado para o que eles gostam de fazer, as lembranças de fim de semana, do contato familiar, da presença diária dos amigos e do conhecimento estabelecido e desenvolvido com as atividades para que desenvolvam cada vez mais de forma autônomaas funções do dia a dia.No começo de cada atividade, fazemos uma roda e conversamos sobre o fim de semana, o que fizeram como foi, o que os cães fizeram,quem está faltando no grupo, do que gostaram da nossa última atividade.
No inicio do trabalho percebemos que muitos não sabiam contar sobre o fim de semana, assim como não demonstravam interesse no que os cães terapeutas fizeram. Como decorrer das atividades os atendidos começaram a contar sobre os fins de semana, à estarem atentos ao que os cães terapeutas fizeram e em alguns momentos curiosos com a história contada. O afeto demonstrado com os cães terapeutas é o principal facilitador para os exercícios propostos, o cão retira uma obrigatoriedade das atividades, ficando assim uma forma lúdica de aprendizagem.
A atividade principal preza pelo lúdico, um exemplo são os exercícios feitos com os cães terapeutas guiados pelos atendidos, em um circuito, previamente explicado. Anteriormente, havia receio, portanto fazíamos os exercícios cadenciados, caminhando e olhando para o cão ao seu lado, em uma das etapas, eram orientados para os comandos dados aos cães terapeutas, como sentar, deitar, etc. Em todas as atividades o carinho e contato entre o cão e o atendido ocorrem espontaneamente.
Ao final das atividades, retomamos a roda de conversa para relembrar as atividades feitas. Os cães ficam ao lado deles, e ao pedido do coordenador, todos fecham os olhos, um voluntário, um cão e um atendido são solicitados para sair da quadra. Ao abrir os olhos eles são orientados da falta de algumas pessoas e cães. Quando começamos com este trabalho, as respostas eram demoradas, mas sem dúvida alguma a primeira falta a ser notada era do cão terapeuta! Hoje, com o passar do tempo, mesmo colocando mais pessoas e cães fora da quadra, os atendidos respondem rapidamente. Com o objetivo de perceberem quem está presente ou não, trabalhando memória e afeto,já atingido, mudamos então as atividades finais, com um grau de dificuldade maior.
Pestalozzi
Helena Gomes, psicóloga da Ong Ateac
E se tem algo de que eu já tenho saudades é dos momentos de conexão entre nós três – uma rede tênue de compreensão e ternura em pleno silêncio…
“Para além do rigor científico, falar sobre o autismo é, antes, silenciar.
Por alguns instantes, silenciemos, por fora e por dentro.
Dá para perceber a intensidade? Então podemos prosseguir.
Estive com crianças e joves que se encontram acometidos por esse estado,
digamos, diferenciado. Na verdade, estivemos – meu companheiro de visita que
se encontra na condição canina, e eu, que mal sei de mim mesma diante desse
enorme mistério que é a vida…Por incompatibilidade de horário, recentemente precisei sair desse convívio,
buscando agora outros ares diferenciados. Sinto, mesmo, ter deixado o mundo
intenso que pude conhecer. E se tem algo de que eu já tenho saudades é dos
momentos de conexão entre nós três – uma rede tênue de compreensão e ternura
em pleno silêncio. Às vezes um latido ao lado nos despertava, ou uma
tentativa vocal de outra criança se espalhava às alturas. Mas a conexão, por
mais que de repente se desfizera, deixava o gosto de uma conquista
realizada, algo que carrego para sempre comigo.Há verdades e mitos sobre o autismo. Há verdades e mitos sobre os animais.
Há verdades e mentiras sobre as pessoas tidas por normais.
Mas, com certeza, todos nós estamos vivendo uma experiência, cada um de
acordo com os recursos que tem, e cada um esperando do outro uma ajuda para
desenvolver o que está latente, e seguir adiante, juntos, de mãos, pés,
patas e asas, para voar.Guardo isso tudo com muito carinho, e se eu puder deixar não uma dica, mas
um sinalizador para quem tem a valiosa oportunidade de estar nessa
simbiótica comunicação, eu digo: a harmonia estabelecida entre os nossos
gestos seguros e delicados e a alegria e o afeto sinceros do parceiro canino
trará de presente um olhar intenso e forte, vindo das profundezas de um
mundo feito de dor e de amor, como ele o é para todos nós. Só que esse olhar
terá um brilho especial. Preste atenção.Deixe seu coração reparar.”
Voluntária Elizabeth
Sentimos que no caso do Lincoln o contato com os cachorros
estimula a afetividade, a sensibilidade…
“Somos os pais do Lincoln, que frequenta e instituição Adacamp.
E queremos dizer que achamos muito importante o trabalho voluntário
feito pela Ateac junto às nossas crianças.Sentimos que no caso do Lincoln o contato com os cachorros
estimula a afetividade, a sensibilidade e o trato dele
para com outros animais e também com as pessoas.A algum tempo temos uma cachorrinha em casa
e o Lincoln se diverte bastante pois a levamos para passear todos os dias,
ajuda quando ela vai tomar banho, etc.Por isso achamos fundamental para as crianças
Ricardo e Rosária Tezuka
que a Ateac continue nos ajudando…”
…talvez se não estivéssemos lá, a mãe e o médico talvez não percebessem o quanto estes anjinhos de patas auxiliam…
“Sábado durante o trabalho no HC da Unicamp uma menininha me contou que tinha acabado de sair da UTI e que estava triste ( a mãe disse que ela chorou muito nos dias anteriores). Triste por estar ali e triste porque teria que dar a cachorrinha dela, que ela ama muito.
A Amy e a Summer, as minhas peludas, ficaram bem próximas dela quando o médico chegou e disse: Nossa, nem parece a garotinha que vi ontem… Que bom!!
A mãe o chamou de canto e perguntou:- Dr. não tem problema ela ficar com estes cachorros? E a minha cachorrinha? E o passarinho?
O médico sorriu e respondeu:
- Olha bem para ela, você acha realmente que estes cachorrinhos trariam problemas? Fique tranquila mãe pode ficar com a cachorrinha, mas o passarinho é melhor repensar.
A mãe alegre olha para criança e diz:
-Tenho uma notícia: poderemos ficar com sua cachorrinha…
A menina olhou alegre e me disse como estava feliz por poder ficar com a cachorrinha dela, e continuou fazendo carinho nas golduchas …
Enfim, talvez se não estivéssemos lá, a mãe e o médico talvez não percebessem o quanto estes anjinhos de patas auxiliam.
Não vou dizer que é fácil estar lá naquela hora, naquele horário e com todas as medidas tomadas ( banho, escovação etc ) mas o sorriso que vemos certamente nos dá força a continuar e acima de tudo, nos comprometer ainda mais com a causa.”
Andressa Hernandes – Voluntária no HC da Unicamp com a Amy e Summer (Golden Retriver)
Livre para xeretar, Batata escolhe os seus pacientes (ou melhor, vai com quem chama o seu nome)…
“Clínica de Transtornos Mentais
A mente das pessoas… um labirinto indecifrável.
Fomos visitar uma clínica de transtornos mentais no domingo (17.02.2013). Encontramos pessoas com as mais diversas patologias psíquicas: Bipolares, Depressivos, Dependentes químicos, Obsessivos compulsivos…
Éramos um grupo grande dessa vez (10 voluntários e 10 cães), a visita seria experimental, apenas para conhecermos mutuamente o trabalho de cada um.Fomos recebidos com alegria e curiosidade (como sempre a presença dos cães quebraram qualquer muro de comunicação entre os internos e os voluntários) muitos nos fazendo muitas perguntas, outros despejando conhecimento sobre cães… Um grupo bem heterogêneo…
Batata, como de costume, estava livre (sem guia) era uma visita experimental e como ela fica um pouco agitada quando fica presa decidi livrá-la desse transtorno (mas é um defeito que preciso tirar, culpa da falta de passeios e da sua mania de ficar grudada em mim).
Livre para “xeretar”, Batata escolhe os seus pacientes (ou melhor, vai com quem chama o seu nome) e assim foi… ficou uns cinco minutos com um jovem quieto de boa aparência que, aparentemente, sentiu muita paz ao ficar afagando a cachorrinha, pois ficou sentado lá sem tirar os olhos dela. Depois foi com um homem de uns 30 anos de idade, olhos saltados e azuis que não escondiam a sua necessidade de ajuda, a fala, com pausas constantes, denotavam um raciocínio lento prejudicado por drogas ou sofrimento interno constante. De qualquer forma, o olhar fixo no rosto da Batata parecia dar um certo alento no espírito dessas duas pessoas, dando um escape momentâneo da realidade tão dura…
Depois o funcionário da clínica me chamou para interagir com algumas mulheres sentadas num banco próximo, estavam inibidas com nossa presença.
A primeira com uns 25 anos não conseguia olhar nos olhos, ficava com a cabeça baixa enquanto falava, percebi que também tinha dificuldade em caminhar, pois logo recebeu visita dos parentes e se despediu escorada com os seus. A outra, uma mulher de uns 50 anos, contou que tinha medo de cães, pois seu filho criava Pitt Bulls e uma vez foi atacada por eles, mas aceitou acariciar a Batata e percebeu que a maneira de criar é determinante na personalidade do cão, ficamos uma meia hora conversando, tempo suficiente para uma pequena biografia de sua vida.
A última foi a Batata quem escolheu, mulher de 20 e poucos anos, dificuldade imensa para se comunicar, apenas balbuciava frases incompreensíveis. Também não nos encarava, ficando com o olhar fixo no chão enquanto tentava falar, sendo que ao tentar falar sua saliva escorria pela boca. Batata não se importava com isso e continuava a ganhar a sua carícia meio desengonçada pela falta de coordenação da moça, ao mesmo tempo que a baba caia em sua cabeça. Um sentimento que me parecia natural seria asco, mas a ternura era tanta que a cena ficou bonita e deixei que ela seguisse… nada que um banho não resolva…
Um último pensamento passou pela minha cabeça naquele momento: Que tipo de sociedade estamos vivendo que produz tamanho sofrimento? Onde pessoas precisam se internar por não conseguir competir ou interagir com as outras?
Algumas eram doentes na forma literal da palavra, mas outros… eram pessoas comuns inteligentes e boas… o que será que pode ter acontecido para que o fio da sanidade rompesse? Que conflito interno ou ameaça externa pode ser tão grande? Será que estamos vivendo em guerra, em plena batalha?
Nisso, olho para a Batata… de novo com o rapaz que atendeu em primeiro lugar, e vejo satisfação no rosto dos dois. O mundo poderia ser mais simples…
Post do blog: http://aventurasdeumcaoterapeuta.blogspot.com.br“
Fábio Nakabashi
Tina e Marisa, a dupla inseparável que levava através do amor incondicional do cão e a dedicação do profissional a alegria da leitura.
“Tina e Marisa, a dupla inseparável que levava através do amor incondicional do cão e a dedicação do profissional a alegria da leitura. Traziam para pertinho das crianças o mundo mágico das histórias com ludicidade e muita animação! Tina sempre tranquila, meiga, doava o que de melhor tinha, aproximando a todos da proposta mais do que pedagógica; mas humana.
Foram muitos anos de parceria, e muitas sementinhas lançadas no coração de cada um que teve a oportunidade de participar deste trabalho. A pedagogia exercida de forma especial, cativante mediada pelo melhor amiga que se pode ter. Mesmo com bastante idade e cansada, nunca se negou ao trabalho, nunca faltaram lambidas, e estímulos para todos os assistidos.
Com certeza uma Golden que ficará para sempre em nossa memória! Tina deixou sua marquinha de luz e segue em paz para o descanso merecido…”
Livia Ribeiro – Ex-Coordenadora Técnica da Ateac
Para conhecer melhor o trabalho de Marisa Solano e Tina clique aqui.
Fotografia de Jessica Ferrari
O menino e o cachorro
Você olha e vê dois, mas na realidade são apenas um, o menino e o cachorro.
O menino vem da rua, no bolso carrega o vento, e que vento! Na cabeça suas histórias e nas palavras alguns silêncios. Um quebra cabeça de mil peças espalhados no tempo, com pouco assento.
O cachorro vem do apartamento, nas patas carrega o vento, e que vento! Com seu pelo dourado, que o batizou Branco, e com seus olhos doces de fiel escudeiro.
Os dois se encontram no quintal do CAPSi Carretel, quintal que também carrega o vento, e que vento! Lugar de tratamento, onde a palavra encontro sempre acrescenta ou retira um ponto.
O cachorro tem um dono, que no momento do encontro, entre menino e cachorro, passa de dono a amigo do menino e o menino a dono do cachorro, mas o cachorro, dono do menino, pois seu coração se enternece, sua alma se entrega, os dois sempre se reconhecem.
É, confuso assim, misturado… As vezes menino e cachorro são dois, as vezes apenas um.
O que não é confuso é que no encontro, entre a bola que pula, o cachorro que corre, o menino que grita no meio das gargalhadas, um quebra cabeça de mil peças espalhados no tempo se junta e toma acento.
O fiel escudeiro, ao lado do menino é a parte que sustenta e da força, contorno. Cachorro Terapeuta, é bicho esperto, é presença que não invade, é olhar que não exige, é a expectativa do agora, sem perguntas. Só um latido, que tem sentido: Me joga a bola!
A bola? Ah…essa passeia, brincam de esconde -esconde, rolam pelo chão afora. O menino se aninha, o cachorro acolhe. Nesta hora aparece o dono amigo, amigo dono. Ele oferece o colo, ensina o comando da bola, o tom da palavra, o caminho do afeto. E entre a bola que pula, o cachorro que corre, o menino fala o mundo e dele recolhe seus pedaços.
O final é sempre do menino: Vamos dar água? E o dono amigo, amigo dono já sabe que o encontro se encerra na farra:
O menino coloca no chão a bacia de agua e a bola. O cachorro se aproxima, abocanha a bola e joga na agua, em seguida, na farra, vira a bacia e o menino olha o amigo dono, sorri e grita, bravo de mentirinha: Não branco, isso não pode!
Na hora da despedida o abraço, testa com testa, cachorro e menino. O dono chama: Vamos Branco, o cachorro não se move, olha o menino, o menino olha o cachorro. Hora de ir com a promessa de que na semana seguinte eles possam se encontrar novamente.
O menino volta pra rua, levando no bolço o vento e no coração seus amigos. De quebra cabeça montado, as vezes mais assentado para um novo vir a ser.
Eleida Campos
Psicóloga do Caps – CEVI
Carlito, Branco e Bebel • Fotografia: Renato Liserre
João e Maia
Os encontros com os cães e a equipe de voluntários para realização de alguma atividade, são únicos e especiais. Hoje a Ateac esteve presente no Projeto Sonhando Juntos da Ong Sonhar Acordado, participamos de atividades de pintura com as crianças do CEESD (Centro Especial Síndrome de Down, integrando os cães a essa atividade.
Quando os cães chegaram, foi emocionante ver a expressão de surpresa e felicidade das crianças e da equipe de voluntários do Sonhar Acordado.
No decorrer das brincadeiras, apareceu o João ao nosso lado, segurando por um acaso, uma caricatura da Maia (todas as crianças possuíam uma caricatura correspondente ao cão amigo). João estava resistente a tudo, as pinturas, a sentar- se no chão, se aproximar e interagir com os cães, mas desde o começo quando viu a Maia, demonstrou grande interesse, mas seu medo aparente e resistência estavam muito maiores.
João continuou segurando a caricatura, então usei esse desenho para aos poucos aproxima-lo da Maia real. Devido a animação das outras crianças que estavam a nossa volta, João se dispersou, e se distanciou, mas para minha surpresa, depois de algum tempo, lá estava João rodeando a Maia novamente. Percebi que precisava investir um pouco mais nessa interação, pois a Maia tinha se tornado muito especial para ele, diante de tantos outros cães que estavam neste local. Sugeri para que segurasse a guia de Maia e a levasse para passear junto comigo, foi a melhor ideia, muito depressa João aceitou, a partir desse momento sua resistência foi se quebrando aos poucos, foi mágico, foi como um sonho, como se as pessoas em volta não estivessem ali e nesse instante existisse apenas o João e a Maia.
Ele começou conversar a sua maneira e interagir de forma muito espontânea, demonstrando grande felicidade. Convidei o João para fazer carinho na Maia, ele aceitou, fazendo carinho em seu rabo e logo depois já estava acariciando sua orelha.
Que maravilhoso foi vivenciar essa experiência. O que posso dizer sobre este dia, foi que vencemos o desafio do medo, da resistência e da distância entre os mundos, que por um momento deixou de existir, e talvez João levará para si um aprendizado pelo resto de seus dias.
Fazer este trabalho com os cães através da Ateac, é assim…. Contribuir significativamente na vida daqueles que necessitam de um toque que só os cães sabem dar!!
Ester Pinha
Voluntária da Ateac
Fotografia: Eliza Rei