



Amor que transforma
Por Fabiana Parajara
Com seu talento para as palavras, Andréa Werner Bonoli tem encantado e dividido com seus leitores as histórias de seu filho, Theo. Como ela mesma define, “Theo é grandão, esperto, inteligente, carinhoso, beijoqueiro…e autista.” Em seu processo de aceitação e superação, Andréa adotou os relatos em um blog, o Lagarta vira Pupa como forma de “ajudar pessoas na mesma situação, dividir angústias e alegrias e documentar a rica história” de seu filho. Hoje, o blog conta com quase 13 mil fãs no Facebook, que se emocionam com as conquistas de Theo.
Há quase dois meses, essas histórias ganharam uma nova e fofa personagem, Lola. A filhote de Golden Retriever foi cuidadosamente escolhida para uma missão: ser melhor amiga e fonte de motivação para esse garotinho tão especial. Nesta entrevista, Andréa conta como tem sido a experiência e como a decisão da família mostrou-se acertada:
- Você já tinha tido animais de estimação? Antes do nascimento do Theo, você já via benefícios no convívio de crianças com cães?
Tive alguns cachorros na vida. Sempre gostei. Todos me marcaram de alguma forma. Eu acho que cachorro faz bem para todo mundo, da criança à vovó. Eu brinco que uma família só está completa se tem um bichinho de estimação, porque é o que vai deixar algumas das melhores lembranças, principalmente para as crianças.
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- Lola
Como e onde você buscou informações sobre o convívio entre autistas e animais? O que te convenceu de que valia a pena fazer o Theo conviver com um cachorro?
Quando tivemos o diagnóstico de autismo, fomos procurar filmes que abordassem o assunto. E um deles foi “After Thomas”, que conta a história real de uma família escocesa, com um menino autista severo, que comprou um Golden Retriever pra ele e, a partir daí, ele melhorou absurdamente. Isso me marcou muito. Também li a respeito de algumas ONGs que treinam cachorros para serem companheiros de crianças autistas nos Estados Unidos. Sempre soube que cachorros maiores tinham mais paciência com criança, mas morávamos em um apartamento pequeno em São Paulo e isso não seria possível. Assim que nos mudamos para Londres, em uma casa, eu trouxe o assunto de volta com o meu marido e resolvemos comprar a Lola.
Que pais ou histórias mais te inspiraram neste processo?
A família do Dale Gardner, em quem o filme After Thomas se inspirou, foi a principal. Até procurei mais informações sobre eles na internet depois e vi que ele está bem e fez até faculdade.
O que foi mais emocionante para você neste breve período de convivência entre Theo e Lola?
Principalmente o fato do Theo, não verbaliza, ter começado a falar “au-au” no dia em que fomos buscá-la. E, na semana seguinte, já estava falando “oua”. Fora as vezes em que briguei com ela e ele achou ruim!
Você já percebe algum benefício para Theo obtido pelo contato com Lola?
Coincidência ou não, uma semana após a Lola chegar, o Theo passou a dormir a noite inteira na cama dele. Fazia quase uns 2 anos que ele sempre fugia para nossa cama de madrugada. E ele também está verbalizando mais, coisa percebida pela terapeuta e pelas professoras. Além de falar au-au, mamã e “oua”, tem pedido “mais” em inglês.
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- Theo e Lola
Por viver no exterior, você percebeu maior aceitação ou mesmo incentivo ao uso de cães e outros animais como co-terapeutas ou como coadjuvantes no desenvolvimento de crianças autistas? Os professores ou médicos que acompanham Theo te ajudaram neste processo?
Cachorro aqui (Inglaterra) é coisa muito séria. Tem uma lei tornando obrigatório o uso do chip de identificação a partir de 2016 e os criadores bons têm fila de espera. Pesquisei no site do Kennel sozinha e cheguei à criadora da Lola. Tive que fazer um e-mail sobre a história, com foto do Theo e tudo, e passar por uma entrevista para conseguir comprar a cachorrinha. A fila para que Lola seja treinada como “assistant dog” é bem grande. Algumas ONGs fazem isso, mas a procura também é muito grande e não sei se vamos conseguir. É um trabalho muito sério e respeitado. O assistant dog, como os cães guias, por exemplo, pode entrar em qualquer lugar com o dono, como bancos e restaurantes.
Se pudesse dar um conselho para outros pais que têm filhos autistas, qual seria?
Sem levar em consideração o cachorro, o conselho que eu dou é fale com outros pais assim que receber o diagnóstico. Além do apoio moral, a gente não perde tanto tempo sem saber que rumo tomar, porque recebe a orientação de quem já está nessa estrada há mais tempo.
Sobre o cachorro, é importante que seja dócil e que goste de verdade de criança – gostar é diferente de suportar). Outra coisa importantíssima é o adestramento. Filhotes mordem e pulam muito, e isso pode acabar gerando uma rejeição por parte da criança, o que seria o pior cenário possível.
Quem quiser se aprofundar na história de Dale Gardner, que inspirou Andréa, pode clicar aqui. No Brasil, outra história de superação é de Daniel e Luana, que levou à criação da Ateac, como você pode ler aqui.
Bem vindo ao blog da ATEAC!
“Alguns anjos não possuem asas, possuem quatro patas, um corpo peludo, nariz de bolinha, orelhas de atenção, olhar de aflição e carência.
Apesar dessa aparência, são tão anjos quanto os outros (aqueles com asas).
E se dedicam aos seus humanos tanto quanto qualquer anjo costuma dedicar-se. Que bom seria se todos os humanos pudessem ver a humanidade perfeita de um cão!”
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